09 abril 2011

Caso “Genie” – Opinião do Grupo

Depois da visualização de um documentário sobre Genie foi pedido à turma que realizassem uma reflexão sobre o que tinham retido. Aqui estão as reflexões de cada membro do grupo:

Reflexão - Paulo

Com base nos filmes visionados nas últimas aulas podemos tomar consciência do problema da inserção de crianças, ou adolescentes em idade precoce, no seio de sociedades desenvolvidas.
Esses mesmos jovens, com relevância para o caso de “Genie”, filme documental de uma adolescente com um padrão de desenvolvimento alterado na sua infância, foram objecto de estudo por parte de psicólogos e sociólogos, dada o seu desvio cognitivo e intelectual para as idades em questão. Em suma Genie, foi isolada de uma forma ímpar de todo o contacto com o mundo exterior, não desenvolvendo capacidades de socialização inerentes ao comum indivíduo. A questão levantada nas aulas aborda essencialmente a problemática da inserção em sociedade de indivíduos com capacidades aparentemente normais, ou seja, nenhum tipo de deficiência ou atraso reconhecido em alguns síndromes já nesta época(anos 70) detectados. Com este ponto de partida estabelecido, importa confrontar o padrão genético desses mesmos indivíduos com o meio envolvente ao qual estiveram sujeitos, e que por si só, pode explicar um desvio comportamental reconhecido em idades, em que à partida, existe já uma forte consciência da “regras” e padrões “normais” da vida em sociedade. Na minha opinião, nesta dicotomia: meio-génese; o meio é sobejamente mais preponderante na educação e formação do indivíduo do que propriamente o padrão genético já pré estabelecido em cada pessoa. No caso, a menina Genie, encontra um conjunto de “barreiras” intrínsecas à sua idade real ou biológica, mesmo quando abordada socialmente com todas as atenuantes respeitantes à sua condição cognitiva. São também indissociáveis os traumas resultantes de todas as situações a que a criança esteve sujeita ao longo da sua vida, e que irão despoletar mais ou menos conscientemente assim que Genie for sujeita a situações limite, como se foi provando ao longo do visionamento do filme.

Reflexão - Rui

O que separa os homens dos animais? O que realmente cria as diferenças entre um comportamento aceite na sociedade e um comportamento selvagem?
A existência de alguns casos conhecidos como crianças selvagens permite-nos formular uma teoria mais próxima da realidade. Casos como o da Genie, uma rapariga que passou a sua primeira década de vida praticamente isolada da sociedade, o pouco contacto que tinha era com o seu pai que a alimentava e a proibia de imitar qualquer som. Genie foi dos casos mais estudados de sempre, a rapariga selvagem que depois de ser encontrada encontrava-se totalmente à parte da sociedade. Não caminhava correctamente, não falava, emitia alguns sons e rosnava, entre outros aspectos.
Este caso demonstrou grande curiosidade em todo o mundo, todos os cientistas se questionaram, será que uma criança que passou toda a sua infância em isolamento, quase completo, conseguirá a voltar a ser uma rapariga normal de acordo com as normas da sociedade? Este foi uma grande oportunidade para perceber a importância da infância para o homem, ao fim de muitos anos de estudos e diferentes terapias para que a Genie se conseguisse integrar na sociedade, os resultados foram parcialmente positivos, apesar da Genie nunca chegar a conseguir falar correctamente ela aprendeu algumas palavras mas nunca as conseguiu estruturar numa frase completamente correcta, a sua forma de caminhar ficou praticamente correcta e tirando alguns ataques de pânico a Genie tinha comportamento próximos dos exigidos pela sociedade, mas não para uma mulher da sua idade mas sim de uma criança durante a infância. Apesar de todos os esforços sempre que a Genie parava ou abrandava com a terapia ela começava a regredir e a voltar a ser a criança selvagem que em tempos fora.
As conclusões que se tira de casos como o da Genie são que na infância é um fundamental um contacto muito directo com a sociedade, na nossa primeira década de vida é quando aprendemos todo o básico para nos integrarmos na sociedade e isso é um facto, a grande dúvida era se em vez de aprendermos tudo sobre a integração social nos primeiros anos de vida, tentasse-mos aprender noutra altura da vida do homem seria tão bem conseguido como na infância. Na minha opinião acho que ficou bastante credível que não. Os primeiros anos de vida são fundamentais para qualquer indivíduo ser devidamente educado. Durante as aulas foi colocada a questão de qual seria a maior influencia na formação do homem se seria o factor genético ou o factor ambiente. Acredito que o factor que mais influência é o ambiente, pois todos nos somos aceites socialmente mas também desde sempre tivemos grande interacção com a sociedade, apesar de diferentes ambientes nos rodearem, e todos temos o ADN praticamente igual divergindo em menos de 1%. Em casos extremos como os da Genie, o ADN comparadamente ao de qualquer indivíduo continua a ser praticamente igual a grande diferença é a ausência de uma relação com o ambiente externo.

Reflexão - Ricardo

Depois de visualizar o documentário sobre Genie na aula de Psicologia do desenvolvimento levantaram-se algumas questões, que fazem qualquer Ser Humano questionar a sua própria existência e procurar respostas sobre o que o distingue dos outros animais. Na própria aula, foram debatidos muitos pontos de vista, que diferiam de acordo com as experiências pessoais de cada um, surgiram muitas questões, maioritariamente de carácter ético.
Resumidamente, a história desta menina, Susan Wiley, a quem foi atribuído o nome Genie, aquando do seu descobrimento em 1970, é de uma criança que foi desde nascença escondida do mundo exterior, e presa num quarto, em que as únicas relações que mantinha com outras pessoas era apenas quando lhe era levada comida, e às vezes quando ia dormir e a levavam para um berço fechado com barras de ferro, no restante tempo do dia, ficava sentada num pote, e se fala-se ou fizesse barulho era agredida pelo pai, mentalmente desequilibrado.
Quando foi descoberta, diversos programas de inserção na sociedade foram pensados, mas no final de contas Genie nunca conseguiu realmente comunicar como uma jovem da sua idade, e nunca adquiriu os comportamentos normais dos Humanos. Depois de constatado tal facto, perguntamo-nos se o que esteve na origem de tal desvio social foi a parte genética (Genie sofria de qualquer tipo de deficiência ou retardamento à nascença) ou o mundo em que esta menina estava inserida (pais que abusavam dela e a mantinham em cativo).
Nesta batalha entre genótipo e fenótipo, a minha opinião é que a pessoa Genie foi claramente um resultado de genética considerada anormal, pois a menina já era doente e mentalmente diferente dos outros Seres Humanos, mas também do mundo em que nasceu, das paredes de uma casa onde não conheceu o amor e afectos que os progenitores, de uma forma geral, dão à descendência. Assim, Genie era carente tanto a nível genótipo como a nível fenótipo. Mas para mim, o que motivou a forma como que os pais a trataram foi realmente o seu retardamento, e portanto o que pesou mais, reforço, na minha opinião, foi o genótipo. Portanto, comparando Genie com uma balança, e tendo nos extremos genótipo e fenótipo, o que pesaria mais seria o genótipo, porque desencadeou numa primeira fase todas as acções a que o “mundo” a colocou.

Reflexão - Nuno

Com esta história podemos entender a importância que o meio tem na nossa evolução e desenvolvimento como pessoas e das nossas capacidades.
A nossa herança genética é sem duvida uma parte importante daquilo que somos, mas essas características só se desenvolvem e evoluem com a nossa convivência e participação no meio que nos envolve. Participando na sociedade, convivendo com variadas pessoas, recebendo variados estímulos para moldar e realçar as nossas capacidades, as nossas ideias, a nossa maneira de ser, as capacidades intelectuais, as capacidades físicas etc..
A relação com o meio envolvente, a nossa relação com os pais, com família, sociedade e os estímulos proporcionados por eles são sem duvida uma das melhores maneiras evolução como ser. A privação destas relações como foi o caso da menina da história, provoca “atrofias” graves no desenvolvimento das capacidades físicas e intelectuais.
Com tudo podemos concluir que uma boa envolvência com o nosso meio e estarmos expostos a variados estímulos permite-nos desenvolver muito mais as nossas as capacidades genéticas, físicas, e formação da nossa personalidade.


O documentário legendado (YouTube):

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